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15 de fevereiro de 2009

>Pescaria: mentiras é o tempero

Medidas:
Jamais se deve perguntar o tamanho e o peso de um peixe a quem o pescou.
Corre-se o risco de ouvir um relato mentiroso e muito divertido.

Os pescadores , viajantes por natureza, são famosos por produzir relatos incríveis. Isso porque as pescarias geram fatos inesperados e inusitados, que podem alimentar a imaginação do narrador. As narrativas de “causos” misturam elementos míticos, lendários e até de acontecimentos de outros contos da tradição folclórica brasileira.

Em todo caso, para ouvir um “causo” , jamais pergunte medidas a pescadores. Caso cometa esse erro, acrescente : com mentira ou sem? Para o ex-secretario de Educação de Campinas, Ezequiel Theodoro da Silva, pesca é um encontro com o inusitado. “Em toda aventura, geralmente há historias de pescador. Aí, coloca-se a magia, o maravilhoso e um pouco de mentira”, destaca.
Foto: web O ‘causo’ por definição
É uma narrativa de algo ocorrido com uma pessoa, que pode ser o próprio narrador, assistido por ele ou contado a ele. O texto (oral ou escrito) vem enfeitado pela fantasia do narrador, que muitas vezes, beira o absurdo, inclusive com a intervenção de influencias sobrenaturais.

Defunto vivo

Em alguns arraiais do interior mineiro, quando morria alguém, costumava buscar o caixão na cidade vizinha, de caminhão.
Certa feita, vinha pela estrada um caminhão com sua lúgubre encomenda, quando um pescador fez sinal, pedindo carona. O motorista parou.
- Se você não se incomodar de ir na carroceria, junto do caixão, pode subir.
O pescador disse que não tinha importância, que estava com pressa de voltar para casa – isto porque tinha vindo pescar sem avisar a esposa. Agradeceu e subiu na carroceria. E a viagem prosseguiu.
Nisso começa a chover. O pescador, não tendo onde se esconder da chuva, vendo o caixão vazio, achou melhor deitar-se dentro dele, fechando a tampa para melhor abrigar-se. Com o balanço da viagem, logo pegou no sono.
Mais na frente, outra pessoa pediu carona. O motorista falou:
- se você não se importa de viajar com o outro que está lá em cima, pode subir.
O segundo homem subiu no caminhão. Embora achasse desagradável viajar com um defunto num caixão, era melhor que ir de a pé para o povoado.
De tempos em tempos, novos caronas subiam na carroceria, sentavam-se respeitosos, em silencio, em volta do caixão, enquanto seguiam viagem.
Avizinhando-se do arraial, ao passar num buraco fundo da estrada, um tremendo solavanco sacode o caixão e desperta o pescador dorminhoco que escondera da chuva dentro dele.
Levantando devagarzinho a tampa do caixão e pondo a mão para fora, fala em voz alta:
- Será que já parou a chuva?
Foi um corre-corre dos diabos. Não ficou ninguém em cima do caminhão. Dizem que tem gente correndo até hoje.


Fonte: Folclore literário e lingüístico
Antonio Henrique Weitzel. Juiz de Fora, 1983.

3 comentários:

  1. Hua, kkk, ha, ha, tem cada causo que a gente houve, mas este é bem engraçado...

    Fique com Deus, menino J. Araújo.
    Um abraço.

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  2. Muito legal esse !!!meu pai tbém contava uns causo da hora !!!não tinhamos tv nem internet !!!
    aí passavamos horas ouvindo e até o vizinhos vinham ouvir tbém!!!legal isso!!bjoss
    estou sentindo sua falta!!fique com Deus
    tenha uma semana abençoada!!bjossssssss

    ResponderExcluir
  3. Amei teu Blog,super interessante ,
    esse textos são bem típicos dos mineiros, também sou mineira UAI....rs
    parabéns pelo Blog!
    bj

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