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13 de fevereiro de 2011

>Sob pressão

O feijão era cozido sem pressa, no fogão a lenha, vagarosamente. Alguém que já morava na cidade a alguma tempo, foi passear no sitio e disse que aqui era possível cozinhar o mesmo feijão em 40 minutos enquanto lá na roça levávamos o dia inteiro para realizar a mesma tarefa. Fiquei encantado, com a novidade, quando soube dessa maravilha da cidade grande precisava conhecer. Tudo isso era o ‘milagre que a panela de pressão, fazia com seu tititititititi característico, quando cozinhava com uma rapidez impressionante, não só o feijão, mas vários alimentos. Isso me fascinou de tal forma que era difícil imaginar a vida sem aquela facilidade, e precisava mesmo daquela invenção, porque não tinha fogão à lenha. Lenha menos ainda. Por onde se olhava era uma “selva de pedra”. Não somente aquela, mas várias outras novidades estavam disponíveis para uso da população. A ficha caiu quando também mudei pra cidade e percebi que a vida aqui era ditada pelas horas. Tem hora pra dormir, acordar, tomar a condução, entrar e sair do trabalho; não sobra tempo pra nada, nem para conversar com os amigos, como fazíamos aí na roça sem se preocupara com o tempo e a hora. Foi aí que percebi porque o feijão tinha que ser cozido em menos tempo. O tempo olha o tempo de novo, passando, e hoje muitas pessoas nem esse tempo tem mais, já compra o feijão cozido.
Na verdade, nem só o feijão, aqui se compra as refeições em embalagens de conserva. Para não ficar só nisso tiveram que inventar o tal de microondas, que ao invés de minutos esquenta alguns alimentos em segundos. Meu Deus, aqui têm cada vez menos tempo. Antes escrevíamos em papel hoje escrevemos no computador, a desvantagem de tudo isso é que os estudantes de hoje não tem o habito de exercitar a escrita, antes até disputávamos quem tinha a caligrafia mais bonita. Lembra dos cadernos de caligrafia? Ah, não é do seu tempo! Alguns alunos nem mesmo escrever sabe. Aqueles que conseguiram se formar não sabe muitas vezes escrever direito. Mesmo assim se vangloria de ter se formado nisso ou naquilo.
Não sou formado em nada não, mas dá dó quando, às vezes tenho de ler alguma coisa que esses tais formados são obrigados a escrever. É um horror!! A língua portuguesa vai sendo massacrada a cada dia; estão americanizando tudo. Alguns não sabem com se escreve salsicha, se com ‘s’ ou ç cedilha, mas enche a boca falando hot dog, X-bacon, hambúrguer e outros tantos nomes. O outro mal sabe falar a língua portuguesa e quer aprender falar inglês, alemão, italiano, etc. Uns não conhecem a própria cidade onde mora, mas, quer viajar para conhecer a Europa, principalmente. Como podemos ver, a vida está cada vez mais corrida e, o tempo conspira contra nós. Parece que um ano passa rápido demais que muitas vezes nem percebemos. Percebi que na cidade é mesmo tudo sob pressão. É a famosa corrida contra o tempo.
J Araújo

4 de fevereiro de 2011

>Frases feitas

Sempre gostei de televisão, filmes, novelas, programas de auditórios sempre me atraíram. Ultimamente tenho observado bastante os jornais. A cobrança dos vestibulares para se manter informada me fez ainda mais atenta às noticias do Brasil e do mundo. E todo telejornal segue, quase que rigorosamente, uma seqüência: uma noticia sobre violência, outra sobre economia, outra sobre futebol, e assim vai! E pra encerrar, algo de bom, (se é que ainda haja algo a ser dito), é uma boa noite para fechar com chave de ouro. Todas (ou quase todas) têm algo de novo a ser acrescentado todos os dias.

O lugar onde ocorreu a violência, o político acusado da vez, os altos e baixos da economia mundial, mas quando chega o futebol, ah, mudam-se os times, os campeonatos; os jogadores, mas algo não mudam; as frases feitas, como: "vamos seguir a orientação do treinador". " O time está confiante”, “Vamos em busca da vitória”. É como se eles, todos eles, ensaiassem essas frases, que são usadas para toda e qualquer pergunta que seja feita.

Acho que falta é informação a esses jogadores, que demonstram abrindo a boca que se não soubessem jogar bola não seria nada com nada. São maquinas de fazer dinheiro e não deve ser interessante que saibam pensar. Eu continuo me divertindo com os telejornais, ouvindo até três jogadores diferentes dizer frases iguais de maneira distinta. Às vezes acho que observo demais.

Thais F. Araújo

26 de janeiro de 2011

Olho de peixe, huum, como isso dói!

Teve uma época em meu tempo de policial, por algum tempo exerci a função no transito, como trabalhava muito em uma determinada rua, acabei fazendo amizade com vários comerciantes da área e dentre eles havia, como não podia deixar de ser, um português dono de uma lanchonete e padaria, que sabendo do meu problema resolveu ensinar uma receita, "portuguesa com certeza", para a cura definitiva daquele mal.

Me explicou que eu devia chegar a minha casa; lavar bem os pés, secá-los e fazer o curativo. Ah, mas pra isso precisava de ácido sulfúrico, olha só o perigo. Bom, quando terminou o expediente fui até uma farmácia próxima para adquirir o produto indicado. Pensei, vou comprar uns dez ml, afinal de contas, eu devia usar cotonetes de algodão e a quantidade podia ser mínima.

Chegando à farmácia descobri que não existia o produto em frasco pequeno, somente frasco de 1 litro. Quando pedi o produto, o vendedor questionou porque estava eu comprando acido sulfúrico, os cotonetes eu tinha em casa. Acredito que ele vendeu porque eu estava fardado. Acabei levando aquele enorme frasco, já ansioso para ver o resultado.

Ao chegar em casa fiz tudo que meu amigo português mandou fazer. Na ânsia de resolver o mais rápido possível, ao invés de queimar com o cotonetes quase seco, acabei exagerando. Não suportando a dor chamei socorro. Com essa minha atitude irresponsável acabei parando no hospital, meu pé estava roxo por falta de circulação sanguínea. O medico que atendeu disse que se tivesse demorado mais algumas horas seria tarde demais; eu poderia perder a perna.

Claro que depois de alguns dias sem ver meu amigo português, quando o vi quis tirar satisfação. Expliquei o ocorrido e ele disse: “depois diz que português é burro”. Quando passou o susto procurei o serviço de saúde da unidade onde eu trabalhava e fui encaminhado para o (HM) Hospital Militar onde, - onde a bem da verdade, - a sola do pé foi quase que arrancada inteira, de tanto olho de peixe que tinha. Foi feito tanto buraco que meu pé parecia mais uma cratera lunar.

Quando saí de lá tive que usar muletas. Felizmente, graças a Deus, a cirurgia foi um sucesso. Depois de muitos anos apareceu mais um. Como eu já tinha experiência no assunto procurei logo o medico da empresa onde eu trabalhava, nessa época, não estava mais na corporação. Pensei, mais uma vez vou ter de fazer outra cirurgia. Ledo engano. O médico do consultório me deu um pozinho com a recomendação que devia toda noite após o banho limpar bem o olho de peixe, secar e preencher o local com aquele pó milagroso, cobrir com um esparadrapo e somente retirar quando fosse tomar outro banho. Não acreditei muito, mas em uma semana, certa noite ao retirar o esparadrapo o olho saiu inteiro. Milagre!! Era o fim do sofrimento com o Ácido Salicílico e não Acido Sulfúrico.
                                             Dicas
Procure uma farmácia, compre AAS (acido aceticil salicílico), Se você não encontrar o AAS em pó compre os comprimidos e transforme em pó. Toda noite ao tomar banho limpe bem o local do olho de peixe, tire aquela pele morta que fica em volta; seque bem e preencha com o pó do AAS. Cubra com esparadrapo; repita o procedimento sempre que tomar banho, no máximo em duas semanas ele sai inteiro e morto grudado no esparadrapo.

17 de janeiro de 2011

>Tristes lembranças

Vista de um rio cheio de lixo /Imagem google
As imagens são assustadoras e mostra a pequenez do homem diante da força da natureza; que enfurecida com tantas agressões sofridas resolveu mostrar do que é capaz quando desafiada pelo homem. A pergunta que fica é: será que as autoridades vão permitir a reconstrução de moradias nas áreas de encostas devastadas? Caso isso aconteça, podemos esperar novas tragédias em um futuro muito próximo.

Nossas autoridades não podem fechar os olhos para o grave problema das ocupações irregulares que ocorre não somente no Rio de Janeiro, mas em todo Brasil.
Enquanto a população não se conscientizar e continuar jogando lixo na rua e ocupando os espaços urbanos de forma irregular sem planejamento, estamos fadados a ver pessoas morrendo a cada verão no meio do próprio lixo que em consequência das chuvas vai parar nos rios e mananciais. A imagem abaixo ilustra bem  a situação da maioria dos nossos rios. Prevenção é a palavra chave para se evitar tantas mortes como as corridas nas cidades serranas do Rio de Janeiro.

Infelizmente em comparação com outros países – Austrália e Portugal – que enfrentaram chuvas torrenciais, com quase o dobro de precipitação as ocorridas no Rio de Janeiro. A diferença é que lá apesar das enchentes o numero de vitimas fatais foi ínfimo em relação às mortes ocorridas no Brasil. A cada catástrofe percebemos que o Brasil não está preparado para enfrentá-las. Será que um dia seremos eficiente nesse quesito.    

6 de janeiro de 2011

>Viagem de caboclo

Arquivo pessoal
Um dia dexei minha terra uma tanto contra a vontade pra fazê o gosto do fio vim quele pra cidade. Falaro tanto de uma tal metrope disque tudo era bunito de se vê. Era tudo iluminado, até parecia o céu istrelado de tanta luz nada que se comparasse com meu campo quera puro mataréu.

E eu um tanto veio e cansado pensei: vou encará mais esse disafio ... parti de mala e cuia; tranquei os resto dos trem com chave na minha tuia. Quando nóis disinbarcarmo, minha impressão já não foi la muito boa diz que nessa tal metrope se roba e se mata atoa.

Apiamo numa tal rodoviara eu nem cunhicia isso é gente pra todo lado, gente inté, gente sentada, tinha inté gente deitada inté pra andá atrapaia é uma correria só, parece que ninguém trabaia. parece praga, ninguém qué andá a pé é um trombano no outo veio, criança e muié.

Aqui tem cada coisa! cada uma mais istranha; fiquei abismado, tem muié com nome de peixe tem e homem com nome de bicho qui tem lá no meu serrado. A gente num sabe que é, muié que parece home e home quinem muié.

preciso vortá correno pra minha terra de novo. Nunca vô mi acustumá com o jeito desse povo. dispois dessa viaje, precisava com urgença fazê minha necessidades, oi ei pra todo lado vi que nuntinha lugá.

Nun tinha mato, nun tinha moita. Cunvesa vai, cunvesa vem e eu morreno de pressa discubri que precisava entrá num tal de banheiro coletivo pra variá, caquele montão de gente inda tinha qui pagá. Eu achei quera sozinho na hora da gente intrá. Mais o que mim cabrunhou mesmo, foi vê criança pidindo ismola. Num era pra santo ni nhum, mais o que divia mesmo é ta tudo na iscola. Eu mesmo nunca istudei mais sempre iscuto falá, que o Brasil só vai pra frente se as criança de hoje istudá.

Aqui nessa tal metrope rio a gente não se vê quando vê é muito sujo a água num dá pra beber. Diz que é a tal poluição, eu nunca vi falá nisso. Aqui, a agua qui a gente bebe sai de uma tal torneira, no meu sitio num tem isso, ela vem da cachuera. a gente inda fica iscutando um monte de gente falá qui os rio ta morrendo pricisa da gente cuidá. Fiquei matutando comigo mais rio morre. Qui povo ruim, mata inté rio.

Como posso fazê isso pra essa morte invitá...se aquele mundão de gente só sabe as água sujá. Num só um home letrado, mal sei rabiscá meu nome, mais com meu trabaio duro sei qui tô sempre ajundano o brasil matá a fome.

Sei qui já falei dimais. Obrigado\de mim iscutá! Já tô indo vô imbora, aqui num é meu lugá! Se gostô da minha prosa e quisê continuá vai aqui o meu convite. Dexa um pouco essa cidade e vem conhecê meu sitio que é o lugá pra discançá.

J Araújo 21/05/2004

>Herói anônimo

Imagem/googleAssim como todos, o homem do campo também participou ativamente do processo eleitoral e que comemorou Natal e Ano Novo com toda sua simplicidade que lhe é peculiar. Mesmo assim sabe muito bem o que quer dos nossos governantes; até por que nos dias atuais, o homem que cultiva a terra já não é mais aquele desligado do mundo como antigamente. Hoje, a tecnologia permite contato direto com o mundo nos recantos mais longínquos através de vários meios de comunicação. Um dia fiz parte dessa classe dos pequenos, muitas vezes esquecidos. É por tudo isso que eu não poderia deixar de compartilhar com, pequenos, médios e grandes produtores meu reconhecimento; aqueles que não conhecem precisam conhecer melhor o campo para valorizar mais os produtos consumidos na cidade. Afinal de contas, no asfalto nada se produz alem de muito calor; e homem do campo é um verdadeiro herói anônimo.

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